Coletânea de Contos
Autor: Caio Thomaz
Editora: Novo Século
– selo Novos Talentos da Literatura Brasileira
Nota:
Sinopse: Este livro não é novo. Ele já existia em sua memória
e você não tinha se dado conta. As palavras serão seu guia para a construção de
dez histórias fantásticas. Ele lhe mostrará por que cinco jovens ousados
sofreram numa casa capaz de realizar seus desejos. Demonstrará do que uma bruxa
realmente é capaz. Talvez lhe ensine como ressuscitar um Imperador. Vai lhe
ensinar que certas histórias não devem ser contadas sem castigo. Fará com que
volte a ter medo de bonecas de porcelana e manequins gélidos, usados como
provas de entrega e devoção, assim como de raiva e de destruição. Contará cada
detalhe no caso do desaparecimento de uma sábia madame do seu vilarejo, e do
fatídico dia em que o Anjo caiu na Terra Sem Nome. Superstições podem ser
mortais, tanto para quem acredita, quanto para os incrédulos. Há sempre
consequências. Coletânea de Contos explicará por que criaturas simplesmente
desaparecem, e outras que só querem aparecer.
Podemos comparar esta obra de
Caio Thomaz com muitas das histórias de Stephen King e Joe Hill.
Consegui encontrar uma grande
semelhança com “Fantasmas do Século XX”, o qual Hill compôs apenas com contos.
São 10 breves narrativas, distribuídas de forma mágica pelas cento e noventa
páginas.
Destaco abaixo um trecho de cada
conto que me impressionou:
·
Devoção
“Avistou
a cova, ainda aberta, agora vazia. Os ossos haviam sido levados ao necrotério.
Andou até a beira do buraco e ajoelhou-se, tremulo. Apalpou a terra firme e
gelada carinhosamente. O doutor agora chorava baixo. Deitou-se de lado na cova,
como se olhasse languidamente para alguém.”
·
Pária
“Houve
um momento de silencio o qual meu sorriso pareceu patético diante de tantas máscaras
planas e inexpressivas. Então vieram os barulhos.”
·
As bonecas
da Senzala
“Caminhei,
as pernas bambas, o coração pulsante, tomei cuidado de passar a quatro metros
da janela aberta do quarto das empregadas. Alcancei o terreno dos fundos. Distante,
onde sempre esteve, se encontrava a árvore. Torta, velha. Mas havia algo a
mais. Uma penumbra extra. Era uma silhueta, e não de pé. Estava pendurada pelo
pescoço. Cheguei perto o suficiente para constatar que era Serena, morta
enforcada. Nada mais me assustava. Estava do lado de fora, todos estavam mortos
e não havia nada a perder. Que me tirassem a vida! Que viessem as bonecas! Pro inferno
com o medo! Venham! Venham demônios!”
·
O julgamento
do anjo
“Xilf
fez um leve movimento com a cabeça, apontando para a cela. Os velhos
sobressaltaram-se, uns esbravejaram, enquanto outros se encolheram nos cantos
da Sala Das Opiniões.”
·
Suspensa em
ares finos
“Foi
inevitável.
O
silêncio da TV, a troca de olhares marejados, o toque, a textura da pele, o
beijo...
Passamos
a noite juntos. Dormimos abraçados. E sonhei com ele. Acordamos no meio da
noite, e foi impossível resistir novamente. Novamente caímos no sono.”
·
O velho e a
ave
“Em
meio a destroços e tropeçando sem parar, o homem da cicatriz tentava desviar
dos gigantes blocos de concreto que caíam do nada e incrivelmente não o
acertavam. ‘Vou morrer é agora’, pensava. Nem mesmo o tornozelo quebrado o
impediu de chegar à rua. Estava salvo, livre.”
·
A habitante
mais velha de Dale
“Sentia
uma dor de cabeça excruciante. Não tinha mais sensações nos braços, as pernas
formigavam e meu coração parecia estar tendo convulsões arrítmicas.”
·
Acima dos
cervos
“Como
se assiste a um filme no cinema, assisti à seqüência dos fatos. Vi meu corpo
despedaçado onde estava antes, mas agora eu flutuava como o Imperador havia
flutuado quando falara comigo. E do alto de minha recente habilidade de voar,
reparei que o Imperador não havia morrido, só estava desacordado.”
·
Madame
Conselheira
“Ao
virar o rosto, o homem estranhou a presença de Madame Conselheira. Seu chapéu de
palha encobria os olhos, mas a boca sugeria desgosto com aquela miragem. E na
boca, a propósito, queimava um cigarro prestes a arder nos lábios murchos do
sapateiro.”
·
A Casa
Quebrada
“Jonathan
estava sentado nos arames da cama, as pernas cruzadas, a coluna ereta. Uma das mãos
segurava o cabelo, e também puxava, e a outra segurava uma grande faca,
cortando tão rente ao couro cabeludo que às vezes acertava a pele.”
Com certeza este último conto trouxe
consigo as piores sensações imagináveis e inimagináveis. Com certeza este me
impressionou muito mais do que os de Joe Hill. Sua escrita foi mais
sanguinolenta e precisa. Aconselho
a todos os amantes da boa literatura nacional a darem uma chance ao "pimpolho" do Caio.
Mesmo que não seja seu tipo de leitura favorito, se dê a chance de apreciar uma
obra diferente. Quem sabe você não encontra nela aquele "quê" que faltava?
Nossa, que capa sinistra, porém, nao gosto de livros de contos! rsrs
ResponderExcluirabraços
Faz uma visita? http://olhosleem.blogspot.com/
Gostei da resenha Pamela. Tem todos os elementos que me seduzem em uma boa trama de terror. Beijo!
ResponderExcluirwww.newsnessa.com